19 March 2013

Que merda é essa, Clarice Lispector?

Falar contra os escritos de Clarice Lispector é incorrer num debate herege, já avisam por aí. As louvações à "maior escritora brasileira" estão por toda a parte em artigos acadêmicos, livros, palestras, congressos e até mesmo na rede.

A minha queixa que a mim me parece óbvia talvez não encontre simpatizantes. Mas vou dizê-la assim mesmo. Vamos lá!

Eu jamais leria um só dos livros infantis da Clarice a qualquer criança desse mundo. Não que os livros não tivessem sido escritos para crianças (mesmo em linguagem que elas entendem bem), não que Clarice não se preocupasse enormemente com esses seres e que tivesse criado algo que fosse chocá-las. Nada disso, pensaria qualquer um que lesse tais livros. O problema é de outra ordem: o problema são os animais. E é irônico porque Clarice no seu autobiográfico infantil A Mulher que Matou os Peixes diz que "adora bichos" e que sempre os protege. Talvez o fizesse?!? Mas quando o assunto é ética animal e direitos animais, a alienação de Clarice, pelo que se nota nos livros infantis, é mesmamente quase igual a do resto do mundo humano. Não gente, Clarice não representou os animais pelo o que são. A sua preocupação, como sempre, é da ordem dos seres humanos, da subjetividade humana. E o que quis dizer e disse certo é que o homem é nada mais que um animal. Mas que ela tivesse pensado o animal em si, pelo o que ele é. Isso não o fez. Alguns enxertos:

"Existe um modo de comer galinha que se chama 'galinha ao molho pardo'. Você já comeu? O molho é feito com o sangue da galinha. Mas não adianta mandar comprar a galinha morta: tem que ser viva e matada em casa para aproveitar o sangue. E isto eu não faço. Nada de matar galinha. Mas que é comida gostosa, é. A gente come com arroz bem branco e solto..." (Clarice Lispector in A Vida Íntima de Laura, p. 14)

"Laura (a galinha protagonista) é bastante burra. Tem gente que acha ela burríssima.... mas Laura tem seus pensamentozinhos e sentimentozinhos..." (Clarice Lispector in A Vida Íntima de Laura, p.8)

"Minha casa tem muitos bichos naturais, menos rato, graças a Deus, porque tenho medo e nojo deles. Quase todas as mães têm medo de rato. Os pais não: até gostam porque se divertem caçando e matando esse bicho que detesto... uma rata que se chamava Maria de Fátima... morreu de um modo horrivelzinho (eu digo horrivelzinho porque no fundo estou bem contente): um gato comeu ela com a rapidez com que comemos um sanduíche..." (Clarice Lispector in A Mulher que Matou os Peixes, p. 24)

"O homem é o animal mais importante do mundo, porque além de sentir, o homem pensa e resolve e fala. Os bichos falam sem palavras..." (Clarice Lispector in A Mulher que Matou os Peixes, p. 31)

Que revolta que me deu ler esses "infantis" da Clarice. Eu sim, fiquei chocada!!! Livro para crianças é o que não é!