05 May 2011

O Filho Eterno

O trabalho de professor, tido por muitos como trabalho de meio-período é, de fato, de 24 horas, e seria de mais se horas houvessem no dia. Além das longas e entendiantes correções de provas, ensaios que ocupam boa parte do tempo em que os professores "não trabalham", nessa era de teconologia acessível a todos, os pupilos incansavelmente enviam-nos emails solicitando, sobretudo, explicações para suas notas baixas, às vezes explicando uma ausência, e outras - essas raríssimas mas preciosas - para agradecer pelo bom que semestre que tiveram como alunos em nosso curso. O professor ora está lendo e respondendo emails, ora corrigindo e preparando - mas isso não é trabalho, diriam muitos, pois o faz do conforto do seu lar. Repolhos!

O fim chega. Aulas terminadas, tudo corrigido e entregue. Finalmente, o prazer de voltar à leitura (mas que professor é esse que não lê? Não vai me dizer que não tem tempo trabalhando só meio período?).

Esse livro do Cristovão Tezza O Filho Eterno é por demais comovente. Ao devorar as 222 páginas do romance de Tezza, a imagem que fiz desse filho com síndrome de down não me sai da cabeça. Expurguei-me da falta da literatura e até do ofício que às vezes começa a sufocar. Cito um trechinho. "... a criança abraça-o com uma entrega física quase absoluta, como quem se larga nas mãos da natureza e fecha os olhos".

Vou procurar mais! Boas leituras!